A Evolução Política e Económica dos EUA: Do Pós-Guerra à Atualidade
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Contexto: O New Deal e o Governo de Roosevelt
O período pós-Segunda Guerra Mundial nos Estados Unidos foi marcado por profundas transformações internas, com foco em questões econômicas, sociais e culturais. A política do New Deal, instaurada por Franklin D. Roosevelt, representou um marco ambicioso e, por vezes, caótico, que moldou a política americana por décadas. Este programa reforçou a intervenção estatal na economia, um claro afastamento do liberalismo clássico do século XIX, que já havia sido evidenciado durante a Primeira Guerra Mundial com a regulação de preços e jornadas de trabalho.
A presidência de Roosevelt foi o grande motor dessas mudanças, impulsionando medidas que expandiram significativamente o papel do Estado. Essa expansão foi uma resposta direta à Grande Depressão, que sob a presidência de Herbert Hoover, um defensor do liberalismo clássico, viu o mercado autorregular-se de forma ineficaz. As políticas de Hoover foram impopulares, resultando em bairros de chabolas improvisados (Hoovervilles) e na desilusão geral.
A eleição de Roosevelt em 1932, com uma mensagem de esperança e capacidade de resolução, marcou o início de uma nova era. Os primeiros 100 dias de sua presidência foram caracterizados pela aprovação de leis que visavam a recuperação do país, com uma visão otimista. Apesar de enfrentar problemas pessoais, como a poliomielite, Roosevelt manteve uma postura firme e inspiradora, gerenciando a imagem pública com o apoio da imprensa.
O New Deal em Ação
- Fechamento de Bancos e Comunicação Direta: Roosevelt anunciou o fechamento temporário de bancos para inspeção, comunicando-se diretamente com a população através de "charlas à beira da lareira" pelo rádio. Essa medida, aliada à promessa de reabertura dos bancos solventes, restaurou a confiança pública.
- Regulação do Mercado de Valores: A criação do Securities Act (Lei de Valores) em 1933 obrigou as empresas de capital aberto a fornecerem informações detalhadas sobre seu funcionamento, com a Bolsa de Valores sob regulação estatal, liderada por Joseph Kennedy.
- Obras Públicas e Combate ao Desemprego: Para reativar a economia, Roosevelt impulsionou um programa de obras públicas, como a canalização do rio Tennessee, e o Federal WPA, que promovia atividades culturais, especialmente em áreas rurais.
- Política Agrícola: Para aumentar os preços agrícolas, Roosevelt implementou uma política de subsídios aos agricultores para que deixassem parte da terra em pousio, uma medida contra o senso comum que, no entanto, funcionou. Essa política, contudo, prejudicou os trabalhadores rurais sem terra.
- Medidas Corporativistas na Indústria: Roosevelt promoveu a colaboração entre sindicalistas e empresários, reconhecendo a legitimidade dos sindicatos. A Lei Wagner (1935) protegeu a liberdade sindical.
- Programas para Jovens e Seguridade Social: Foram lançados programas de acampamentos juvenis para oferecer trabalho remunerado em parques nacionais. Em 1955, foi promulgada a Social Security Law, lei de previdência para a velhice.
Apesar dos esforços, os indicadores macroeconômicos não mostraram uma recuperação mais rápida que a de outros países, com o desemprego permanecendo elevado. A "Recessão Roosevelt" de 1937, causada pela redução de auxílios e ambição em obras públicas, evidenciou a natureza excepcional e temporária que Roosevelt atribuía ao New Deal.
A "Coalizão Roosevelt" e o Congresso
O New Deal consolidou o apoio ao Partido Democrata, formando a "Coalizão Roosevelt", que incluía operários, sindicatos, intelectuais e a população negra. Os "dixiecrats", democratas do sul, embora conservadores em muitos aspectos, também compunham essa coalizão, exigindo de Roosevelt um delicado equilíbrio político.
O Congresso americano, composto pela Câmara dos Representantes e pelo Senado, era o centro legislativo. A influência da primeira-dama, Eleanor Roosevelt, como protofeminista, e a nomeação da primeira ministra do trabalho, Frances Perkins, marcaram a época.
Roosevelt, apesar de romper tabus e antagonizar grandes empresas, foi prudente em questões raciais e de cobertura sanitária, enfrentando a oposição de lobbys médicos e farmacêuticos.
O Governo de Truman e o Fim da II Guerra Mundial
Com a morte de Roosevelt em 1945, Harry Truman assumiu a presidência em um contexto de pós-guerra, com milhões de homens retornando ao mercado de trabalho e uma queda na demanda. Truman aprovou o Servicemen's Readjustment Act (G.I. Bill), um programa de apoio à reintegração de soldados, que, apesar de bem-intencionado, ampliou a brecha de gênero ao priorizar o acesso de homens à universidade.
Truman relaxou os controles de preços, gerando inflação, e enfrentou greves de mineiros e trabalhadores ferroviários, interpretadas como traição pelos sindicatos. Seu programa Fair Deal enfrentou a oposição de republicanos e democratas do sul no Congresso.
A Emenda XXII à Constituição, que limitava a presidência a dois mandatos, foi uma resposta republicana ao longo governo de Roosevelt. A Lei Taft-Hartley, que alterou a Lei Wagner, impôs restrições aos sindicatos, incluindo a exigência de juramento anti-comunista para seus líderes.
Ações de Truman e a Questão Racial
Truman iniciou leis contra a segregação racial, como a proibição em transportes públicos interestaduais e a criminalização do linchamento como delito federal. No entanto, essas medidas enfrentaram forte oposição, especialmente dos "dixiecrats".
Um passo simbólico importante foi a dessegregação das Forças Armadas, com a Guerra da Coreia sendo a primeira a contar com tropas integradas. Truman também apoiou a NAACP, organização de defesa dos direitos civis.
As eleições de 1948 foram surpreendentes, com Truman vencendo contra as expectativas. No entanto, sua presidência foi marcada por dificuldades no Congresso, escândalos de corrupção e o avanço do maccarthismo, uma campanha anticomunista liderada pelo senador Joseph McCarthy.
Anos 50: O Governo de Eisenhower
Em 1952, Dwight D. Eisenhower, um general com vasta experiência internacional, foi eleito presidente. Ele não desmantelou o New Deal, mas expandiu a participação do Estado na seguridade social e impulsionou programas de investimento público, como a melhoria das autoestradas.
Eisenhower também testemunhou a ascensão do maccarthismo, que culminou na condenação do senador McCarthy pelo Senado em 1954. Apesar de sua condenação, a mentalidade maccarista persistiu em diversas esferas.
A Luta Contra a Segregação Racial
Um marco fundamental foi a decisão da Suprema Corte no caso Brown vs. Topeka (1954), que declarou a segregação racial nas escolas inconstitucional. Eisenhower, embora inicialmente relutante, interveio militarmente para garantir a dessegregação em Little Rock, Arkansas, após a resistência do governador local.
O movimento pelos direitos civis ganhou força, impulsionado por figuras como Rosa Parks e Martin Luther King Jr. Práticas como sentadas e boicotes foram utilizadas para protestar contra a segregação, culminando na declaração de inconstitucionalidade da segregação no transporte público em 1956.
Os Anos 60: Johnson, Kennedy e a "Nova Fronteira"
Lyndon B. Johnson assumiu a presidência após o assassinato de Kennedy, impulsionando uma agenda ambiciosa de políticas sociais, conhecida como Great Society. A Lei de Direitos Civis de 1964 proibiu a segregação racial em espaços públicos e a discriminação por raça, religião ou sexo.
Johnson lançou programas como Medicare e Medicaid, expandindo o acesso à saúde. A Lei de Direito de Voto de 1965 garantiu o sufrágio universal, e a Lei de Imigração e Nacionalidade de 1965 reformou as políticas de imigração.
John F. Kennedy, com seu slogan "Nova Fronteira", inspirou-se na tese de Frederick Jackson Turner sobre a importância da fronteira no caráter americano. Seu governo foi marcado pela retórica inspiradora, o debate televisivo com Nixon e a crise dos mísseis em Cuba.
A Guerra do Vietnã e os Movimentos Sociais
A Guerra do Vietnã tornou-se um ponto de discórdia interna, alimentando protestos e movimentos sociais, incluindo o movimento pacifista, o movimento pelos direitos civis, o movimento feminista e a contracultura hippie.
Maio de 1968 foi um marco de protestos globais, com estudantes e trabalhadores exigindo mudanças sociais e políticas. A repressão em Tlatelolco, México, e os eventos na França simbolizaram a agitação da época.
O Governo de Nixon e a Crise do Petróleo
Richard Nixon foi eleito em 1968 com a promessa de "Lei e Ordem" e um fim vitorioso para a Guerra do Vietnã. Sua política externa foi marcada pela aproximação com a China e a distensão com a URSS, mas sua presidência foi abalada pelo escândalo Watergate.
A crise do petróleo de 1973, desencadeada pela Guerra do Yom Kippur, teve um impacto profundo na economia ocidental, aumentando a inflação e o desemprego. O modelo keynesiano começou a ser questionado.
Anos 70 e 80: Reagan, Carter e a "Revolução Conservadora"
Jimmy Carter, eleito em 1976, buscou uma política externa baseada em direitos humanos, mas enfrentou crises internacionais, como a tomada de reféns na embaixada americana em Teerã.
Ronald Reagan, eleito em 1980, promoveu a "Reaganomics", baseada em cortes de impostos, desregulamentação e redução do gasto social, com um aumento significativo do gasto militar. Sua presidência coincidiu com o fim da Guerra Fria e o colapso da União Soviética.
A ascensão da direita religiosa e o neoliberalismo, com figuras como Milton Friedman, marcaram a década de 1980. A crise da AIDS e a resposta inicial da administração Reagan também foram pontos importantes.
A Década de 90: Globalização e a "Sociedade em Rede"
A década de 1990 foi marcada pela consolidação do conceito de globalização, com a expansão do capitalismo informacional e a ascensão das tecnologias de informação e comunicação. A "sociedade em rede", descrita por Manuel Castells, transformou as relações sociais e a comunicação.
A queda do Muro de Berlim e a dissolução da URSS abriram caminho para um modelo econômico único, mas também geraram instabilidade e crises financeiras em diversas partes do mundo.
A União Europeia avançou em sua integração, com a criação da moeda única, o euro. No entanto, a década também foi marcada pelo aumento da desigualdade social, a precarização do trabalho e a exclusão social.
O Século XXI: Desafios e Transformações
O século XXI trouxe novos desafios, como a crise ecológica, a ascensão do "crescimento verde" e o debate sobre o Antropoceno. As migrações internacionais e o multiculturalismo tornaram-se fenômenos globais, intensificando debates sobre racismo e xenofobia.
A influência dos meios de comunicação, a cultura de massa e a revolução digital continuam a moldar a sociedade, enquanto os movimentos sociais buscam novas formas de ação e reivindicação em um mundo cada vez mais interconectado.